sexta-feira, 9 de junho de 2017

A RAPOSA E O COELHO


Caminhando com discípulo, um mestre Zen apontou-lhe uma raposa que perseguia um coelho.
- Segundo uma fábula antiga, o coelho escapa da raposa – disse o mestre.
- Não acho – comentou o discípulo. – A raposa é mais rápida.
- Mas o coelho vai enganá-la – insistiu o mestre.
- Por que o senhor tem tanta certeza? – Perguntou o discúpulo.
O mestre gargalhou.





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Soltar as Mãos- 01/06

SOLTAR AS MÃOS

João era um homem bom e trabalhador. Com o fruto do seu trabalho sustentava a família e levava uma vida digna. Cuidava da saúde, não fazia inimigos e dizia que sua felicidade era produto do seu esforço pessoal e que portanto, dentro desse contexto, onde caberia a necessidade de Deus?
João era um ateu convicto.
Um dia, passava por uma estrada quando desabou um enorme temporal. O carro derrapou e João se viu lançado em um abismo. Embora não houvesse4 nenhuma possibilidade de salvação, João gritou:
- Meus Deus, me ajude!
Nesse momento, surgiu uma árvore na beira do abismo e João agarrou-se a ela. Ainda ofegante4 e trêmulo, mal acreditava no que acabara de acontecer.
Nesse instante, ouviu uma voz:
- E agora, João, acredita que eu existo?
Assustado e confuso, João olhou para os lados e não viu ninguém. Então respondeu:
- Claro que acredito Senhor!
- Acredita mesmo, João?
-Claro Senhor. Acabei de viver um milagre, como poderia não acreditar?
- Claro, nunca tive uma certeza tão absoluta em toda minha vida.
- Então, se realmente acredita em mim, solte as mãos que eu o pego lá embaixo!







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As Pedras- 25/05




AS PEDRAS


Era uma vez, num lugar bem longínquo (e, ao mesmo tempo, aqui), há muitos e muitos anos, (e, ao mesmo tempo, agora), um grupo de cavaleiros que viajava numa noite escura. Com os cavalos já cansados, subiam uma montanha pedregosa e íngreme.
A exaustão e o desânimo abatiam todos os membros do grupo. O desejo deles era parar e dormir, no entanto a viagem não podia ser interrompida.
Nisso, ouviram uma voz forte vinda do céu, como um trovão:
- Desçam da montaria, encham as sacolas com as pedras que há no chão, remontem e continuem a viagem. Ao amanhecer, vocês estarão ao mesmo tempos alegres e tristes.
Alguns desmontaram, outros não.
Uns pegaram muitas pedras, outras poucas pedras.
Sem muita demora, todos seguiram viagem.
Ao amanhecer, conforme a voz anunciara, os cavaleiros estavam alegres e tristes ao mesmo tempo.
Alegres porque não eram pedras comuns; eram diamantes.
E tristes porque se arrependeram de não ter recolhido uma quantidade maior delas.
Assim é a vida.







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silencio-08/06



SILÊNCIO


Poderia me ensinar o silêncio? – Perguntei.
Ah, ele parecia satisfeito. – É o grande silêncio que deseja?
- Sim, o grande silêncio.
- Bem, e onde você acha que o grande silêncio pode ser encontrado?
- No fundo de mim, suponho – respondi. – Se eu ao menos conseguisse ir suficientemente fundo dentro de mim, tenho certeza que conseguiria por fim escapar do barulho. Mas é difícil. Preciso de ajuda.
Eu sabia que ele poderia me ajudar, senti seu interesse. E seu espírito era tão silencioso...
- Bem, eu estive lá – respondeu ele. Passei anos até entrar. Mas pude saborear o silêncio. Um dia, porém, Jesus apareceu ( ou talvez tenha sido minha imaginação) e me disse apenas, “ Venha e me siga”. Eu saí e nunca mais voltei.
Fiquei estupefato.
- Mas e o silêncio......
- Eu encontrei o grande silêncio e, tendo encontrado-o, aprendi que o barulho estava dentro de mim.





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Encontro 23/03







ENCONTRO



Andava certa vez um homem numa longa e solitária estrada, quando viu, na direção contrária à sua, um vulto negro que se aproximava, e que, identificou com a morte. Um manto escuro encobria-lhe completamente o corpo, um grande capuz sombreava-lhe o rosto. Na mão direita, a lendária foice. Mas não o deixou o homem intimidar, e continuou o seu caminho.
Ao passarem um pelo outro, a morte perguntou, em baixo profundo.
- Olá, homem. Quantos anos você tem?
-Cinquenta- Respondeu ele. – Cinquenta anos.
- Não - disse a morte, num enigmático sorriso.
- Esses são os anos que você já não tem mais. Eu pergunto quantos anos você tem.






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