quinta-feira, 26 de novembro de 2009

50. O mendigo e a voz

O monge chegou a tal estado de devota mendicância que desejou não mais ter voz. Quando necessitasse dela a mendigaria ao primeiro passante. E assim permaneceu por quase duas semanas. Para tudo, usava as mãos e os gestos.
Houve, contudo, o dia em que o monge-mendigo precisou da fala para recitar um antigo mantra búdico, e que só podia ser rezado de viva voz. Não hesitou e acercando-se de um velhinho que passava pela rua, com a mão na garganta fez entender que precisava falar.
– Falar?... – titubeou o ancião, a voz fraquíssima.
– Sim, falar, meu mestre ... – pediu o destituído monge-mendigo – a voz própria, forte e tonitruante.
Sem nada entender, o ancião encerrou a conversa:
– Mas pra quê, meu filho, se tens voz de sobra?
– Eu não tenho voz, mestre. Eu só tenho é um som forte e arrogante que me sai do fundo da garganta.
– Acredito... – assentiu, confuso.

LEVEM AS PEDRAS...

Era uma montanha a ser escalada, subida dura e difícil...

Eles sabiam, todavia, que alcançar o cume seria a consagração para suas vidas.

Já na saída, o mestre os advertiu:
Levem as pedras... Ao chegarem no alto da montanha sentirão muita alegria pelas pedras que levarem, mas também sentirão muita tristeza ... Ficaram sem entender, inclusive porque a advertência se repetiu mais duas vezes...

Prudentes, resolveram seguir o conselho...

Alguns encheram os bolsos, outros carregaram pequenas pedras em uma das mãos, outros colocaram o que foi possível nas próprias mochilas, outros improvisaram sacos e aumentaram o próprio peso da bagagem; outros acharam aquilo uma grande bobagem e nada levaram...

Foram diferentes reações ao conselho e, obviamente, divergentes quantidades de pedras carregadas morro acima, variáveis em peso, quantidade e tamanho...Durante a escalada, muitos descartaram o peso que concluíram ser desnecessário na árdua subida, outros tomaram a mesma providência, só que parcialmente e uma minoria manteve a carga original...
Cada um teve seu momento de chegada, face aos esforços e rumos diferentes, mas no alcance do topo, a surpresa confirmava a estranha advertência ouvida...

As pedras se transformavam em pérolas que irradiavam vida...

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quinta-feira, 19 de novembro de 2009


49. A Soma de Amban

Amban, um estudante leigo do Zen, disse:
“Mumon acabou de publicar quarenta e oito koans e chamou o livro de O Portal sem Portões.
Ele critica as palavras e as ações dos velhos patriarcas. Acho que ele é muito malicioso. Ele é como um velho vendedor de sonhos. O cliente não pode nem engolir nem cuspir os sonhos e isso causa sofrimento.
Mumon já irritou demais a todos, e, portanto acho que vou acrescentar mais um como uma pechincha. Pergunto-me se ele próprio pode comer esta pechincha. Se puder comê-la e digeri-la bem, tudo estará em ordem, mas se não, teremos de colocá-la de volta na panela junto com os seus quarenta e oito e cozinhá-los novamente.
Mumon, você come primeiro, antes que alguém mais o faça:
“O Buda, de acordo com um sutra, disse uma vez: “Parem, parem. Não falem. “A verdade última é nem mesmo pensar.”


Se qualquer pessoa lhe disser que fogo é água,
Não preste atenção.
Quando dois ladrões se encontram
Eles não precisam de apresentação:
Eles reconhecem um ao outro
Sem nenhuma pergunta.

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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

48. A Estrada Única do Mestre


Um aluno Zen perguntou ao mestre: “Todos os Budas das dez partes do universo entram na estrada única do Nirvana. Onde esta estrada começa?”
O mestre, erguendo sua bengala e desenhando uma figura no ar disse: “Aqui está ela.”
Este aluno foi até outro mestre e fez a mesma pergunta.
O mestre, que tinha um leque em sua mão, disse: “Este leque vai alcançar o trigésimo terceiro céu e bater no nariz da divindade diretora de lá. É como a Carpa Dragão do Mar do Leste virando a nuvem de chuva com sua cauda.”


Antes que o primeiro passo seja dado
A meta é alcançada.
Antes que a língua se mexa, o discurso terminou.
É necessário mais do que intuição brilhante
Para se encontrar a origem da estrada certa.

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