quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O RELÓGIO


O relógio do Mestre estava sempre marcando a hora errada.

“Será que não dá para você tomar uma providência?” – diz o discípulo.

“Bem, o relógio nunca está certo.” responde o Mestre. “Qualquer que seja a providência, já será uma melhora.”

Dito isto o Mestre deu uma martelada no relógio. Ele parou.

“Você tem toda razão.” disse o mestre. – “De fato, já dá para sentir uma melhora.”

“Eu não quis dizer “qualquer providência” assim ao pé da letra, responde o discípulo, “Como é que agora o relógio pode estar melhor que antes?”

E o Mestre responde: “Bem, antes nunca estava certo.”
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

58.Extra. ESCREVENDO UMA CARTA


Um analfabeto pediu ao Mestre que lhe escrevesse uma carta.

- Não posso – disse o Mestre -, por que queimei o pé.

- E o que tem isso a ver com escrever a carta?

- Como ninguém entende minha letra, sou obrigado a viajar para poder explicar a carta para quem a recebeu. E com o meu pé deste jeito, machucado, não há menor possibilidade de escrever uma carta, não é verdade?

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Mudar de Assunto


Em uma tarde de mormaço, um jovem monge viu um sujeito vindo na sua direção pela estrada poeirenta, carregando um enorme e saboroso cacho de uvas. Por um punhado de uvas, um pouco de bajulação até vale a pena.
- Ó grande mestre, dê-me uvas – disse o jovem monge.
- Não sou mestre – disse o sujeito, pois era um desses viajantes contemplativos, avessos a arroubos de linguagem.
“É um homem de importância ainda maior e eu o menosprezei”, pensou o monge. Então, disse em alto e bom som:
- Alteza, dê-me apenas uma uva!
- Não sou nenhuma Alteza – resmungou o viajante.
- Bom, então nem me diga o que é, senão provavelmente acabaremos descobrindo que isto também não é um cacho de uvas! Mudemos de assunto!

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O diamante azul

O jovem monge procura por todo o Tibet uma estátua do Buda que, sendo oca, abriga dentro um diamante azul. Menos por seu valor comercial do que, claro, pelo que possa representar de inédita e absoluta descoberta mística, o jovem monge decide se dedicar a esta busca quase como um projeto de vida.
Guarda consigo a certeza de que, encontrando o diamante azul no interior do Buda, terá encontrado junto a resposta a todas as suas indagações, a serenidade no fundo do poço de toda angústia, um sol que seja na furiosa tormenta.
Muitos anos se passam até o dia em que o jovem monge, não mais tão jovem assim, topa com o velhíssimo Ling, poeta viageiro, Mestre zen, que, por sua vez, também procura o Buda oco com o diamante azul.
– Há quanto tempo o jovem procura pela “resposta”?
– Há uns vinte anos, se não erro o tempo das nevascas quando não sabemos se dia ou noite e nos enganamos na contagem das horas.
– Pois eu, meu filho, procuro o Buda oco com o diamante azul há mais de meio século evitando sempre as montanhas geladas de nosso país, pois poderia perder nelas a contagem das horas...
– E o que tem isso com encontrar ou não encontrar o Buda? – pergunta o discípulo.
– Tem que o Buda oco com o diamante azul só se revelará a quem o busca, de modo surpreso e repentino – responde o Mestre.
– Então, nesse caso, melhor esquecer as horas...
– Não, meu jovem, não. Quem esquece as horas, e não sabe se dia ou noite, nunca será surpreendido...
– Não entendo. Não é justamente o contrário?
– A surpresa é irmã siamesa da rotina. Sem a viagem comum dos dias, nunca, jamais surgira o de repente, o súbito e o inaudito. Só quem se dedica a viver o prosaico estará sempre descobrindo o sublime.
– E então por que o Mestre não encontrou, até agora, o Buda oco com o diamante azul?
– Ora, ora, meu jovem... Então você não sabe que o Buda oco com o diamante azul nunca existiu?

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