O Mestre fala sobre a espontaneidade.



Um dia Yogi foi visitar o Mestre.
Quando este abriu a porta, Yogi deu-lhe uma bofetada.
O Mestre revidou com um tremendo soco no nariz.
Yogi foi embora resmungando, com o nariz sangrando.
O Discípulo que assistia tudo inquiriu:
-Mestre, qual o sentido transcendental deste diálogo?
-Nenhum. Ele me saudou e eu retribui...

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                             Vida

      A folha caindo agora é borboleta voando até a

           flor onde se transforma numa pétala...

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A MUDANÇA

Desde a mais tenra infância, o Mestre era conhecido como “o do contra”. Sua família, de tão acostumado à sua contestação habitual, sempre lhe dizia para fazer exatamente o contrário do que queria que ele fizesse.
No dia do seu aniversário de quatorze anos, o Mestre e seu pai levavam ao mercado um burro carregado de farinha. Assim que rompeu a aurora, foi encontrá-los, atravessando uma frágil ponte de corda, e a carga começou a escorregar para um lado.
- Rápido, - berrou o pai -, suspenda a carga do lado esquerdo, senão toda a farinha vai se perder.
Imediatamente, o Mestre levantou o saco do lado esquerdo. Resultou que toda a carga desequilibrou-se de vez, caindo na torrente que corria abaixo.
- Que tolo ridículo! – disse o pai. – Você não faz tudo sempre ao contrário? Se falei da carga da esquerda, era para suspender a da direita!
- Certo, pai. Mas agora tenho quatorze anos. Desde o alvorecer de hoje, sou considerado um adulto racional e, portanto, cumpridor de suas ordens.

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Serpente



O Mestre e seu discípulo passeavam pelo bosque. Era meio-dia, o sol do outono filtrava-se pelas folhas das árvores. O vento, de vez em quando, levantava as folhas secas.
Súbito, um rodamoinho espalhou um monte delas, descobrindo uma enorme serpente que estava se auto-comendo pelo rabo.
Ali ficaram ambos admirando aquele incrível espetáculo: lentamente a enorme serpente ia se auto devorando, diminuindo, cada vez mais, o círculo formado pelo seu corpo.
A noite chegou e apenas se vislumbrava o corpo da serpente como um pequeno círculo que ia lentamente se encolhendo.
Ao meio-dia seguinte um pequeno círculo restava.
- Assim, ela vai desaparecer totalmente, comentou o discípulo.
Tomando um gravetinho o Mestre fincou-o no chão, bem no meio do círculo.
- Agora não desaparecerá, disse.
Uma pétala caiu lentamente e cobriu todo o corpo da serpente.

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A Iluminação

O sapo ficou muito impressionado com a teoria da reencarnação.

Ouvindo sucessivos sermões do Mestre, concluiu que, um dia, ele nasceria como crocodilo, mais tarde uma vaca.

No penúltimo estágio reencarnaria como ser humano e, daí, seria um Buda.

- Com muito esforço, dizia o Mestre aos alunos, abnegação e temor a deus, vocês se iluminarão, alcançarão a Suprema Verdade.

Sapo decidiu ilumina-se ainda mais como sapo.

Passou uma noite inteira no bosque, caçando vagalumes. Comeu mais de uma centena deles.

O bosque ficou mais escuro e o sapo vários dias com diarréia.

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Sons da lua cheia

 

O croac do sapo

O cricri do grilo

O som da folha caindo...

O silêncio da espera.

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Mestre e o silêncio

Ao entardecer, sentados à beira do lago.

O discípulo perguntou:

- Mestre, o que é o Silêncio?

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O Mestre fala sobre o poder


Um vendedor bem-falante estava tentando negociar com
o Discípulo um saca-rolha de tipo especial.
Sua originalidade era que retirava a rolha
depois que ela havia caído no fundo da garrafa...
O Discípulo ouvia aturdido o torrencial de explicações técnicas,
olhando a garrafa com uma rolha dentro. O vendedor,
historicamente, sacudia a garrafa diante de seus olhos.
O Discípulo estava sendo hipnotizado sem saber.
O Mestre aproximou-se:
-Tenho um método melhor e definitivo, disse.
E, arrebatado a garrafa das mãos do vencedor, quebrou-a
enfiando, logo a seguir, a rolha na boca do vendedor .
Subitamente, o Discípulo despertou do transe, e dançando
Em volta do vendedor, deu-lhe uns bons cascudos...



 

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Teste de fogo


O Mestre tinha centenas de alunos e vivia no outro lado do lago.
Um dia ele cruzou o lago com todos os seus alunos e foi visitar
O Grande Mestre. Encontrou-o sentado, nu, à beira do lago, com seu único discípulo, fumando maconha e bebendo vinho tinto importado.
O Mestre ficou escandalizado e gritou irado:
Grande Mestre, você é uma fraude e está dando mau exemplo para meus discípulos!
-Pior é você que os trouxe até mim,
respondeu sorrindo o Grande Mestre, oferecendo vinho a todos os alunos do Mestre.
Anos mais tarde, o Discípulo comentava com seus alunos:
-Muitos alunos do Mestre quiseram tornar-se discípulos
De o Grande Mestre. Mas ele recusou-os dizendo:
“Primeiro o teste de fogo”.

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A mente que mente


Um filhote de dragão, com apenas poucos séculos de idade,
Perguntou a seu pai, um dragão com alguns milhares de anos:
-O que é um dragão?
-Uma ficção de mente, respondeu o velho dragão.
E, num instante, ambos dissolveram-se no ar.

 

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Degraus


O absurdo e a galhofa também são degraus até a Suprema Verdade.

 
 

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O Mestre fala sobre as ciências esotéricas



O Discípulo, quando começou seu discipulado,
acreditava ouvir mensagens do Além.
Uma tarde, enquanto tirava uma soneca à beira do largo
O Mestre colocou uma formiguinha viva
dentro do ouvido esquerdo dele. O Discípulo acordou assustado
e começou a correr gritado:
-Estou ouvindo os sons do Juízo Final,
Do terrível Armagedon: montanhas estão desmoronando,
floresta inteiras derrubadas, terremotos, tempestades,vendavais,
gritos de dor e sofrimento, ranger de dentes...
O Mestre comum gravietinho
retirou a formiga e tudo cessou.
Nunca mais o Discípulo ouviu mensagens do Além...

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O Mestre fala sobre a verdade

O Mestre e seu Discípulo estavam no bosque,
quando o pássaro Fênix

desceu em chama e pousou perto deles.
Em poucos instantes, reduziu-se a cinzas.
Rapidamente, o Mestre soprou as cinzas que,
com o vento, se espalharam por todo o bosque.
O Discípulo, que conhecia a lenda da ave imortal,
ficou horrorizado.

-Mestre, agora ela não renascera jamais!

O Mestre pareceu não ouvir a crítica
pois estava olhando em torno.

o Discípulo insistiu em sua observação

e o Mestre olhou-o tristemente.

- Seus olhos ainda não conseguem ver os milhares de fenixes

Que estão,agora , voando pelo bosque, explicou.

 

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O Mestre fala sobre o caminho.

Uma raposa faminta estava dormitando a beira da estrada,
tentando esquecer a tremenda fome que sentia.
Um búfalo passou a acordou-a. Olhando para cima
sonolenta, viu apenas os enormes testículos do animal,

confundindo-os com duas frutas maduras.

Como que hipnotizada foi acompanhando
o seu imaginário futuro manjar,
de boca aberta, esperando a queda.
O búfalo entrou num pantanal e a raposa
quase morreu atolada.
Em terra firme, sacudindo o lodo de seu corpo, filosofou:
-Nem tudo que balança cai...

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O Mestre e a lei da atração

Um avestruz perdeu-se no bosque.

De repente, viu-se diante de um enorme leão faminto.

Cheio de medo procurou enfiar a cabeça no chão,

mas ele era de terra dura e seca.

Apavorado procurou outro lugar e viu algo

que lhe pareceu um buraco no tronco de uma árvore.

Rápido, enfiou a cabeça lá-era a goela do leão.
Ambos morreram sufocados.

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Mestre fala sobre o amor

O Discípulo estava sentado à margem do lago quando um sapo,

horrivelmente feio,pulou no seu colo e foi logo dizendo:

“Beije-me que me transformarei numa linda princesa”.

O Discípulo olhou demoradamente para o sapo,
Sua pele viscosa, cheia de manhas amarelas, a enorme boca,
Os olhos esbugalhados... Seu estomago doeu. Vacilantemente,
mais cheio de esperanças, beijou-o. O sapo continuo sapo.
O discípulo foi correndo falar com o Mestre.
-Mestre, por que não houve a transformação?
- Porque você beijou com asco.

 

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O Mestre fala sobre as máscaras

Quando Chen foi aceito como único discípulo do Mestre,

resolveu impressioná-lo: fez um voto de silêncio.
Trazia consigo um bloco de papel e um lápis.

Ali escrevia o que desejava comunicar.
Um dia o Mestre escondeu o bloco e o lápis, e o Chen não conseguia se expressar.
Á noite, na hora do jantar, desesperado Chen gritou:
-Onde estão o bloco e o lápis?

O Mestre riu tanto que se engasgou...

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 O Mestre ensina a voar mais alto.

 

Mestre estava sonhando que era uma borboleta azul com manchas amarelas, quando acordou no meio da noite e saiu voando pela janela aberta.

De manhã cedinho, o Discípulo encontrou trepado no alto de um coqueiro.

- Mestre, como chegou aí tão alto?

- Idiota! Basta deixar a janela aberta. E jogou um coco na cabeça do Discípulo.

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Mestre fala sobre atingir o objetivo

Discípulo decidiu aprender a arte cavalheiresca do arqueiro Zen.

Sempre que podia treinava. Levava consigo uma placa de madeira, onde havia pintado um pequeno disco preto, que funcionava como alvo.
Anos passaram, mas o Discípulo não foi capaz de acertar nem sequer uma flecha no alvo.

Foi consultar o Mestre:

-Mestre, ponho toda minha atenção no alvo, mas não atinjo.
Mestre, jogando a placa de madeira no lago, declarou:

- A flecha é o alvo

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O Mestre fala sobre a consciência



Certa noite o discípulo visitou o Mestre.
Ao entrar na sala, orgulhoso e desafiadoramente, mostrou um límpido espelho de cristal, emoldurado em madeira de sândalo com bonitos desenhos esotéricos.
O Mestre sem maiores explicações estilhaçou o espelho.
Antes que o discípulo se refizesse do susto, o Mestre tomou a moldura vazia e jogou-a no fogo.
Do espelho apenas ficou a fragrância do sândalo.

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O Mestre fala sobre a mente



O discípulo estava tentando ensinar uma borboleta voar.
O Mestre acercou-se, ficou olhando as tentativas fracassadas. Finalmente, o Mestre deu uma gostosa gargalhada e disse:
- Você é um tolo. Este tipo de borboleta só voará se você cortar-lhe totalmente as asas...

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Discípulo fala sobre o vazio

Num dia quente o discípulo sentou-se de debaixo de uma árvore diante do Mestre.Tinha nas mãos um coco e ficou muito tempo olhando para ao buraco que havia nele.Finalmente, o discípulo deu uma gargalhada e comentou:
-Mas, Mestre, não há nada dentro deste coco!
-Então, vá dentro da casa e traga um canudinho, falou o Mestre.

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Sobre o Conhecimento


Um dia o discípulo encontrou o Mestre amarrando uma minhoca viva na ponta de uma linha de pesca, à beira do lago.

- Neste lago não há peixes e só vive um crocodilo que é vegetariano, ironizou o discípulo.

- Mas esta minhoca não é, respondeu o Mestre mergulhando no lago com a minhoca na mão.

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O ranho e as batatas-doces

   Um Mestre havia-se recolhido a uma gruta de onde nunca saía. Nunca se misturava coma as pessoas.
   O imperador, muito curioso da vida desse ermitão, quis conhecê-lo e mandou um mensageiro procurá-lo. Quando este chegou à gruta, o mestre estava cozinhando batatas-doces sobre um lume alimentado por esterco de vaca.
    Atento à preparação da comida, não reparara em que o seu nariz estava escorrendo. Mas o mensageiro, que julgava ser uma falta de respeito, gritou-lhe:
   -Eh! Grande monge! Assoai o nariz!
   -Vedes perfeitamente que estou cozinhando batata-doces!-respondeu-lhe o Mestre.-Não vos ocupeis,portanto, do ranho do meu nariz!O cozimento das batatas é mais importante do que a vossa presença! Deixai meu nariz em paz; o ranho acabará parando, mas as batatas precisam ser cozidas no ponto!
   O mensageiro ficou de boca aberta. Não pode replicar coisa alguma e saiu. De regresso ao palácio, contou toda a história ao imperador, que manifestou, então, viva admiração pelo eremita.
Disse, então, o imperador:
  - Já não precisa mandá-lo vir. Compreendo que ele não é o ser covarde que foge do mundo por medo das sujidades, nem o ser negativo que renega todas as coisas e se enterra na solidão.Não!É um grande homem profundamente atento ao seguimento do Caminho: praticar zazen e cozinhar batatas-doces.
   A partir desse momento, o imperador fez dele seu protegido e ordenou que lhe oferecessem um vasto campo nas proximidades do eremitério, onde pudesse cultivar grande quantidade de batatas-doces.

 
 

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Vem!

Mestre estava sentado em zazen á beira do rio. Avizinhando-se da margem, um discípulo gritou-lhe:
- Bom dia, mestre! Como estais?
Mestre interrompeu o zazen e, com o leque, fez sinal ao discípulo:
-Vem... vem...!
Levantou-se, deu meia-volta e pôs-se a ladear o rio, seguindo o curso da água...
O discípulo, nesse instante, teve o satori.

 

 

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O que o amor?



O discípulo perguntou: O que é amor?
O mestre disse: “Eu te pergunto o que é o amor?”.
E o discípulo ficou em silêncio.
O mestre disse: O amor é isto
E o discípulo segue guardando silêncio
O mestre disse: “Tu me perguntas: E eu te pergunto. O amor é isto”.


Poema

Canções de amor tocam sempre no rádio,
mas , quando reconhece a lua e o uivo do lobo?

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Rápido como...


Um bom homem, nobre e corajoso, foi visitar, um dia, quatro grandes mestres da arte de arco e flecha.
Assim falou o homem:
-Sois quatro, caminhe cada um de vós numa das quatro direções. Em seguida, virando-se para mim, dispare cada qual a sua fecha. Deterei as quatro antes que me atinjam.
-Não podemos acreditar!-Bradaram os mestres.
-Como ele deve ser rápido! – Tornaram os alunos. – Já é difícil deter uma flecha disparada por um mestre, quanto mais quatro ao mesmo tempo! Isso já denota poder mágico.
Replicou, então,o Sakyamuni:
-Há coisa ainda mais rápida que esse homem bom e corajoso: o curso do sol, o da lua e o do raio. E há coisa ainda mais rápida que o sol e a lua e o raio...

 
 

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Forjar a imagem


Após meditarem sobre o Koan;
Deformar o espelho e forjar a imagem.
Um mestre pergunta a outro:
-Que significa forjar a imagem?...Onde desaparece a luz?
Isso coloca o delicado problema da consciência durante a meditação.
Respondeu o outro mestre:
-A mesma coisa acontece na vida; agora, na tua postura, que resta da tua infância?
Disse, então, o monge:
-Ainda que não devolvesse imagem alguma, o espelho não enganaria ninguém.

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“O ZORA! KO ZORA!”

Eis aqui uma história muito interessante a respeito de Karin.

Karin tornara-se mestre de um grande templo; e, um dia, um monge foi visitá-lo. Karin foi recebê-lo, correndo, á porta. O monge, surpreso, perguntou-lhe:

- Não tendes secretário?

Estava espantado porque é sempre o secretário do mestre quem recebe o visitante; o mestre só aparece depois.

Disse, então, Karin:

-Sim!Sim!Tenho dois secretários, dois ótimos secretários, mas é um pouco perigoso chamá-los.

- Não!Não!Não faz mal, quero vê-los - insistiu o monge.

Karin, então, chamou:

-O Zora! Ko Zora!
Neste momento, ao chamado do mestre, dois grandes tigres se levantaram no fundo da casa e vieram colocar-se defronte do visitante, que ficou estatelado.
Disse-lhes Karin:

-Retirai-vos agora, meus secretários; sois demasiado fortes e nada necessários para este monge.

Os dois secretários-tigres se retiraram, rugindo, para o aposento contíguo. O monge continuou sem cor por muito tempo ainda.

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A MORAL DO TAO

Um famigerado ladrão, chamado Koshi, interessava ao sábio Confúcio; este, com efeito, supunha poder convertê-lo á sua moral.

Dirigiu-se, portanto, á montanha em que o ladrão vivia, retirado, e propôs-se educá-lo.

Koshi, o ladrão, logo se casou das palavras do importuno:

- És mais pueril que uma criança - exclamou, a súbitas. -Tua moral é boa para ti, mas não é boa para mim!Ensina-me, portanto, o outro aspecto da moral se quiseres que eu te compreenda!Para falar com franqueza, eu não acreditava que os grandes sábios fossem tão totalmente ingênuos!

Confúcio viu-se obrigado a recuar. Recebera, em matéria de educação. Uma grande lição!

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Agarrar a oportunidade



O mestre e o discípulo observaram uma briga entre um judoca e um operário.

O judoca aplicou-lhe uma gravata. Por esse waza, num combate oficial, o operário teria sido vencido. Na realidade da vida, porém, o operário agarrou e torceu os testículos do judoca, que urrou de dor. E, no mesmo instante, o operário conquistou a supremacia do combate.

O discípulo:

-Que absurdo...

O mestre:

- A ação passiva vence na vida real.

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A Cauda do Elefante

Nas Índias, uma elefanta estava sofrendo muito para dar à luz o seu filhote.

O rei desse país procurou ajudá-la. Mas só uma mulher que nunca tivesse mentido nem pensado em outro homem poderia socorrer a elefanta.

Uma única mulher se apresentou:

- Depois que me casei, só tive meu marido em minha vida. Nunca o enganei, nem mesmo em pensamento. Nunca amei outro homem; é evidente que posso auxiliar o parto.

Nesse instante nasceu o filhote, mas por mais que se fizesse, não havia meio de sair-lhe a cauda.

O rei e seus seguidores ficaram em dúvida;

- Por quê?

Disse, então, a mulher:

- Eu talvez tenha mentido.

- De que se trata?

- Quando eu era menina, por volta dos doze ou treze anos, beijei um bebê do sexo masculino e, a partir desse momento, o amei. Ele não sabia de nada, mas eu o amava.

A cauda do elefantinho não tardou a sair.

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Orelhas compridas


Um mestre vivia entre mendigos debaixo das pontes. Sua vivacidade de espírito era célebre e o imperador sentiu-se curioso. Um dia, mandou um mensageiro á sua procura;baldaram-se,porém,as investigações.O Mestre se dissimulava.
O mensageiro, todavia, reparara num mendigo de olhar penetrante, nariz avantajado e orelhas compridas; só podia ser o Mestre. Tentou, pois, um estratagema; dirigindo-se ao grupo de mendigos, disse:
-Tenho aqui algumas moedas; elas serão vossas se conseguirdes tomá-las de mim sem utilizar as mãos.
No mesmo instante, o tal mendigo deu um pontapé nas mãos do mensageiro, e as moedas voaram para todos os lados.
E o mensageiro compreendeu.

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sem custo

A Brasa, Debaixo da Cinza

Isan tornou-se discípulo aos vinte e três anos de idade.
Quando o Mestre o viu, permitiu-lhe entrar em seu quarto, e fez dele o seu secretário.
O Mestre perguntou-lhe um dia:
-Existe ainda um pouco de fogo nas cinzas da lareira?
O discípulo procurou, mas nada encontrou. Veio, então, o Mestre e descobriu uma brasa, profundamente metida no meio da cinza. Pegou-a com a ajuda de atiçadores e espertou o fogo.
-Não é fogo? – perguntou o Mestre.
-Sim! Sim! É fogo! – respondeu o discípulo.
-Esse fogo não é muito importante para mim – disse o Mestre – mas, é importante encontrares a ocasião, o ensejo, a oportunidade.

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As três pontes

Um velho pai verbera o filho bêbedo que, todas as noites, volta embriagado para casa. Este promete emendar-se e beber menos.
Naquela mesma noite, como o filho não voltasse, sai o pai à sua procura. Dá com ele semi-afogado, agarrado ao pilar da ponte que separa a aldeia da casa paterna.
- Por que te encontro neste estado – pergunta o pai -, se neste mesmo dia me prometeste beber menos?
Responde o filho:
- Bebi menos, com efeito, e eis aí o resultado. Tenho o costume de beber três sho de saquê (três vezes um litro) e, todas as noites, ao voltar para casa, vejo três pontes: passo sempre pela do meio, e tudo vai muito bem! Esta noite, bebi apenas dois sho e só vi duas pontes; não sabendo o que fazer, optei, à ventura, pela da esquerda e caí no rio!
O pai:
- Vamos, voltemos para casa!
O filho:
- Oh não! Ainda não! Deixai-me ir beber o meu terceiro sho de saquê e tudo andará melhor.
Dito e feito. E o filho regressa à casa, são e salvo, pela via natural.

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Não Fugir


Sariputra, o grande discípulo do Buda, estava sentado em zazen, à beira de um lago. Um sem-número de peixes saltava à tona da água. Sariputra mudou de lugar e instalou-se num sítio mais retirado.
Mas o canto dos pássaros estorvava-lhe o zazen. Os pensamentos afluíam, erguiam-se as ilusões...
Como os pássaros e os peixes o incomodassem, decidiu matá-los e comê-los. Mas apanhou uma indigestão.

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Quem ama o outro?

Num sutra, o rei falava com a rainha:
- O mundo é vasto, mas a quem amas tu mais do que a ti mesma?
- Eu gostaria de dizer-te que te amo mais do que a mim mesma; na verdade, porém, é a mim que mais amo - respondeu ela.
E o rei replicou:
- Com efeito, eu também sou mais importante que qualquer outra pessoa.
Assim falavam eles. Mas não podiam chegar a um acordo. Decidiram, então, ir visitar o Buda Sakyamuni e contaram-lhe a conversação que tinham travado.
- É certo que vossas respostas respectivas não estão erradas - respondeu ele. - Afinal, todo homem se ama a si mesmo e cada qual é importante para si. Por isso, não perturbeis os outros. Mas quando nos amamos a nós mesmos perturbamos os outros.
Que é o egoísmo? É um grande koan.

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Ah! Ah! Ah!

Dois velhos companheiros de situação cavaqueiam juntos.
- Tu te lembras, há dez anos, durante uma meditação, travamos grande discussão a respeito de um koan. Lembras-te? Mas agora aqui estamos, rindo juntos do koan:

Neste fim de verão
As nuvens voam e não desaparecem
Primícias do outono próximo
O vento estival faz tremer suavemente as flores
Perfumadas da magnólia.

“Agora este koan é fácil...e nós nos rimos...ah! ah! ah!”

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