TÉDIO
No caminho, encontrei um mendigo e me aproximei para
lhe dar algum dinheiro. Ele, no entanto, tomou minha moeda e, com um olhar de
desprezo, jogou-a no mato.
- Não preciso do seu dinheiro – rosnou.
– Por que você não me dá o seu tédio?
O que eu podia dizer? Quando dei por mim, estava
respondendo que precisava antes consultar minha esposa. E fui embora depressa
antes que ele me devastasse ainda mais.
Havia outras coisas sobre as quais eu planejara
meditar em meu retiro, mas as palavras do mendigo continuavam me vindo à mente:
-“Por que você não me dá o seu tédio?”.
-Não, isso não! Preciso falar antes com minha esposa.
Será que eu não poderia lhe dar alguma outra coisa? Você não entende a minha
situação. Não posso.
Por quarenta dias eu resisti.
No quadragésimo dia, levantei-me, deixei o mosteiro e
joguei o meu tédio em seu colo.
Sabe o que ele disse?
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SEM CUSTO
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