quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Modos

 Durante a refeição, numa congregação íntima e santa, os monges sentados à mesa do Mestre conversavam em voz baixa, os gestos comedidos, para não perturbar o Abade que estava mergulhando em pensamentos.
Era desejoso expresso e regra da casa do Mestre que qualquer pessoa podia entrar a qualquer momento e sentar-se à sua mesa. E nessa ocasião, como sempre acontecia, um homem entrou e sentou-se com os demais, que lhe abriram espaço embora soubessem-no grosseiro e mal-educado.
Não demorou muito e o homem tirou um enorme rabanete do bolso, e cortou-o em vários pedaços de tamanho conveniente e começou a comer estalando os lábios. Seus vizinhos de mesa não conseguiram conter a irritação por mais tempo:
- Seu glutão descarado – disseram para ele. – Como ousa ofender esta mesa festiva com seus modos de botequim?
Embora houvessem tentado falar em voz baixa, o Mestre logo percebeu o que estava acontecendo.
- É estranho, mas veio-me uma súbita vontade de comer rabanete. Um rabanete dos bons – disse. – Será que, por acaso, alguém aí teria um?

E, num arroubo de felicidade que dissipou toda a sua vergonha, o comedor de rabanetes ofereceu ao Mestre um punhado dos pedaços que havia cortado.

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SEM CUSTO

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