16/02-comunicações

COMUNICAÇÕES

Certo dia, Deus quis comunicar-se com um homem. E o chamou pelo nome uma, duas, três, cinco vezes, mas o homem não o ouviu.

Deus alterou a voz. E o chamou outra vez, sete vezes. Não foi ouvido.

Então, Deus o segurou pelo braço. Mas o homem, distraído, nada sentiu e continuou seu caminho.

Deu pôs-se à sua frente, dizendo:

- Ei, eu estou aqui. Preciso falar-lhe.

O homem, preocupado com as coisas da vida e da morte, ainda desta vez não o viu e apenas Certo dia, Deus quis comunicar-se com um homem. E o chamou pelo nome uma, duas, três, desviou-se um pouco do caminho.

Mas Deus não desistiu. Pulou à sua frente, agitando os braços e as pernas, fazendo caretas e macaquices, dançando e cantando. Era um palhaço divino. Porém, o homem, apressado, não se deteve e sequer sorriu. Vinha distraído e não o viu.

E Deus esticou a perna à sua frente: O homem nela tropeçou e caiu, reclamando:

-Maldita pedra!

E continuou pela estrada.

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a joia 09/02

A JÓIA

Certa vez um mendigo bateu à casa do Mestre para esmolar. O Mestre procurou nos bolsos e nada de encontrou. Olhou por cima dos móveis, nas gavetas, e nada, não havia nenhum dinheiro. Então viu uma caixa em seu quarto, e dentro dela encontrou um anel, que deu ao mendigo.

À noite, ao voltar para casa a mulher do Mestre deu por falta da joia e o marido contou-lhe sobre o destino que lhe dera.

A mulher ficou furiosa. Uma joia de família que valia alguns milhares de reais! E entregue logo a quem, pobre diabo que nem ao menos lhe reconheceria o valor. Ainda acabaria trocando objeto tão valioso por qualquer prato de comida.

Ao se dar conta do valor da joia que dera ao mendigo, o Mestre correu para a rua, atrás do homem. Revirou o bairro, até que ofegante, o encontrou, a tempo de adverti-lo.

- Olha, aquela joia que lhe dei vale alguns milhares de reais e eu nem sabia. Não deixe que algum espertalhão a leve em trocas de qualquer prato de comida.

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como numa igreja 02/02

COMO NUMA IGREJA

Uma vez aconteceu o seguinte: O tempo estava ruim, tempestuoso, e um avião se perdeu. A neblina era tão densa que todos tinham medo, apavorados. Um reverendo estava a bordo e, exceto ele, todos lamentavam-se, chorando, transpirando. O momento era de perigo.

- A qualquer hora a morte poderia chegar. O reverendo disse a todos para se ajoelharem e rezarem. Todos o fizeram, com exceção de um homem, um negociante.

O reverendo perguntou ao negociante:

- Por que você não está rezando?

Disse o homem:

- Perdoe-me, padre, porque eu não sei como rezar. Eu nunca rezei.

Não havia tempo para ensinar ao homem. A qualquer momento o avião cairia, a qualquer momento poderia colidir com alguma coisa. Assim, disse o reverendo:

-Está bem, mas agora não há mais tempo. Comporte-se, então, como se estivesse numa igreja.

O negociante começou a andar pelo corredor, coletando dinheiro das pessoas.

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OS TRES EREMITAS

Viviam, numa ilha, três velhos eremitas, tão simples que usavam uma única oração:

Nós somos três.

Tu és três.

Tem piedade de nós.

Grandes milagres ocorriam durante esta ingênua prece.

Quando o bispo da região soube da existência dos três eremitas e de sua reza decidiu visita-los, a fim de ensinar-lhes as verdadeiras súplicas canônicas.

Chegando à ilha, o bispo condenou as palavras dos três como indignas do céu e instruiu-os nas orações usuais. Depois disso, o bispo partiu num barco.

Mas, quando este já se distanciava da terra, uma luz esplendorosa que deslizava em sua direção chamou-lhe atenção. Quando a luz estava próxima, pode distinguir nela três eremitas que, de mãos dadas, corriam sobre as águas, esforçando-se por alcançar o barco.

- Senhor! – Gritaram eles, já tão perto que podiam ser ouvidos, - Esquecemos as preces que nos ensinou, e corremos para implorar-lhe que as repita.

O bispo, assombrado, sacudiu a cabeça e respondeu humildemente:

- Meus filhos, como é a oração que vocês fazem?

Nós somos três.

Tu és três.

Tem piedade de nós.

- Esqueça o resto.

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