No mundo dos sonhos

“NOSSO Mestre costumava tirar uma soneca todas as tardes”, contou um discípulo. “Nós, crianças, perguntamos a ele por que ele o fazia, e ele nos disse: “Eu vou para o mundo dos sonhos encontrar os antigos sábios, assim como Confúsio fazia.” Quando Confúcio dormia, ele sonhava com os antigos sábios e mais tarde falava a seus seguidores sobre eles.

“Estava extremamente quente num certo dia e, por isso, alguns de nós tiraram uma soneca. Nosso Mestre nos repreendeu. “Fomos ao mundo dos sonhos encontrar os antigos sábios, da mesma forma que Confúcio fazia”, nós explicamos. “Qual foi a mensagem daqueles sábios?” insistiu nosso Mestre. Um de nós respondeu: “Fomos ao mundo dos sonhos e encontramos sábios, e lhes perguntamos se nosso Mestre ia lá todas as tardes, mas eles nos disseram que nunca tinham visto essa pessoa.”

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Proporção Precisa

Um Mestre, de chá, queria pendurar uma cesta de flores numa coluna. Ele pediu a um carpinteiro que lhe ajudasse, instruindo o homem a colocá-la um pouco mais para cima ou um pouco mais para baixo, para a direita ou para a esquerda, até que tinha encontrado o ponto certo. “Este é o lugar”, disse o Mestre finalmente.

O carpinteiro, para testar o Mestre, marcou o ponto e depois fingiu que tinha esquecido. Era este o lugar? “Era este o lugar, talvez?”, o carpinteiro continuava a perguntar, apontando para vários lugares na coluna.

Mas o senso de proporção do Mestre de chá era tão preciso que não foi senão quando o carpinteiro alcançou novamente o ponto idêntico que sua localização foi aprovada.

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A coisa mais valiosa do mundo

Um Mestre Zen chinês, foi questionado por um estudante: “Qual é a coisa mais valiosa do mundo?”

O Mestre respondeu: “A cabeça de um gato morto.”

“Por que a cabeça de um gato morto é a coisa mais valiosa do mundo?”, perguntou o estudante.

O Mestre respondeu: “Porque ninguém pode dizer qual é o seu preço.”

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TUDO É O MELHOR

  

Quando o Mestre estava caminhando através de um mercado, ouviu a conversa entre um açougueiro e seu cliente.

“Dê-me o melhor pedaço de carne que você tiver”, disse o cliente.

“Tudo na minha loja é o melhor”, respondeu o açougueiro. “Você não pode encontrar aqui nenhum pedaço de carne que não seja o melhor.”

Com estas palavras o Mestre tornou-se iluminado.

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Apenas Vá Dormir

            O Discípulo estava sentado ao lado da cama  do Mestre três dias antes de seu instrutor morrer. Mestre já o havia escolhido como seu sucessor.

Pouco antes o templo havia incendiado e o discípulo estava ocupado reconstruindo a estrutura. Mestre lhe perguntou:

“O que você vai fazer quando tiver terminado de reconstruir o templo?”

“Quando sua doença tiver passado gostaríamos que você falasse lá”, disse o Discípulo.

“Suponhamos que eu não viva até lá?”

“Então conseguiremos uma outra pessoa”, respondeu o Discípulo.

“Suponhamos que vocês não consigam encontrar ninguém?”, prosseguiu o Mestre.

O Discípulo respondeu em voz alta:

“Não faça tais perguntas bobas. Vá dormir.”

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Despedida

 Finalmente o Discípulo ia deixar o seu Mestre.

Viveu com ele, muitos anos seguidos. A porta do quarto estava totalmente aberta. O Discípulo entrou cuidadosamente desta vez. Não havia ninguém no quarto, que estava completamente vazio, demonstrando que por muitos anos jamais alguém o ocupara.

Uma luz difusa filtrava-se por algumas telhas quebradas e um suave perfume vinha do jardim.

O Discípulo fez uma profunda reverência ao seu Mestre, cujo riso confundia-se com o canto dos grilos. Saiu do quarto, fechou a porta com a chave, pôs nela um cartaz que dizia:

“Se abrir, entre!”, dirigiu-se ao lago, jogou a chave nele e desapareceu na estrada, sem olhar para trás...

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Gula

Gula não é pecado

Mas sim

Ter a boca

Menor que o bocado

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Mestre fala sobre atingir o objetivo

  

Discípulo decidiu aprender a arte cavalheiresca do arqueiro Zen, sempre que podia treinava. Levava consigo uma placa de madeira, onde havia pintado um pequeno disco preto, que funcionava como alvo.

Anos passavam, mas o discípulo não foi capaz de acertar nem sequer uma flecha no alvo.

Foi consultar o Mestre.

- Mestre, ponho toda minha atenção no alvo, mas não atinjo.

O Mestre, jogando a placa de madeira no lago, declarou:

- A flecha é o alvo!

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Vida

A folha caindo agora é borboleta voando até a flor onde se transforma numa pétala...

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Mestre fala sobre a espontaneidade

Um Yogi foi visitar o Mestre.

Quando este abriu a porta, o Yogi deu-lhe uma bofetada.

Mestre revidou com tremendo soco no nariz.

Yogi foi embora resmungando, com o nariz sangrando.

O Discípulo que assistia a tudo inquiriu:

- Mestre, qual o sentido transcendental deste diálogo?

- Nenhum. Ele me saudou e eu retribui...

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O MESTRE FALA SOBRE O PODER

       Um vendedor bem-falante estava tentando negociar com o discípulo um saca-rolha de um tipo especial.

Sua originalidade era que retirava a rolha depois que ela havia caído no fundo da garrafa...

O Discípulo ouvia aturdido o torrencial de explicações técnicas, olhando a garrafa com uma rolha dentro. O vendedor histericamente, sacudia a garrafa diante de seus olhos.

O Discípulo estava sendo hipnotizado sem saber.

O Mestre aproximou-se:

- Tenho um método melhor e definitivo, disse.

E, arrebatando a garrafa das mãos do vendedor, quebrou-a, enfiando, logo a seguir, a rolha na boca do vendedor.

Subitamente, o Discípulo despertou do transe, e dançando em volta do vendedor, deu-lhe uns bons cascudos...

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Teste de fogo

O Mestre tinha centenas de alunos e vivia no outro lado do lago.

Um dia ele cruzou o lago com todos os seus alunos e foi visitar o Grande Mestre. Encontrou-o sentado, nu, à beira do lago, com seu único discípulo, fumando maconha e bebendo vinho tinto importado.

O Mestre ficou escandalizado e gritou irado:

Grande Mestre, você é uma fraude e está dando mau exemplo para meus discípulos!

-Pior é você que os trouxe até mim, respondeu sorrindo o Grande Mestre, oferecendo vinho a todos os alunos do Mestre.

Anos mais tarde, o Discípulo comentava com seus alunos:

-Muitos alunos do Mestre quiseram tornar-se discípulos do Grande Mestre. Mas ele recusou-os dizendo:

“Primeiro o teste de fogo”.

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MESTRE E O SILÊNCIO

Ao entardecer, sentados à beira do lago, o Discípulo perguntou:

- Mestre, o que é o Silêncio?

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Mestre e a verdade

Mestre e seu discípulo estavam no bosque, quando o pássaro Fênix desceu em chamas e pousou perto deles.

Em poucos instantes, reduziu-se a cinzas.

Rapidamente o Mestre soprou as cinzas que com o vento, se espalharam por todo o bosque.

O Discípulo que conhecia a lenda da ave imortal, ficou horrorizado.

- Mestre, agora ela não renascerá jamais!

Mestre pareceu não ouvir a crítica pois estava olhando em torno.

Discípulo insistiu em sua observação e o Mestre olhou-o tristemente.

- Seus olhos ainda não conseguem ver os milhares de fenixes que estão, agora, voando pelo bosque, explicou.

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 Degraus

   

O absurdo e a galhofa

Também são degraus

Até a Suprema Verdade.

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KOAN DOS GRILOS

           O Discípulo procurou o Mestre e pediu-lhe um Koan.

Sem dizer uma palavra, o Mestre entregou-lhe uma garrafa de vidro, com dois grilos dentro.

Mais tarde o Mestre visitou o Discípulo, encontrando-o dormindo sentado diante da garrafa. O Mestre destampou a garrafa, soltou os grilos, sobre a mesa, acordando o Discípulo. O Mestre apontou para a garrafa vazia.

Espantado o Discípulo respondeu:

- O primeiro comeu o segundo e o segundo comeu o primeiro...

- Qual deles está cantando mais alto? Perguntou o mestre.

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Fantasia e Realidade

Um cordeirinho estava bebendo água num córrego, quando um enorme lobo acercou-se e começou a beber também.

- Você está poluindo a água com sua baba fedorenta, gritou o cordeirinho.

E, antes que o lobo respondesse qualquer coisa, o cordeirinho devorou-o.

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Mente

Um filhote de dragão, com apenas poucos séculos de idade, perguntou a seu pai, um dragão com alguns milhares de anos:

- O que é um dragão.

- Uma ficção da mente, respondeu o velho dragão.

         - E, num instante, ambos dissolveram-se no ar.

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Mestre ensina a voar mais alto

           Mestre estava sonhando que era uma borboleta azul com manchas amarelas, quando acordou no meio da noite e saiu voando pela janela aberta.

De manha cedinho, o discípulo encontrou-o trepado no alto de um coqueiro.

- Mestre, como chegou aí tão alto?

- Idiota! Basta deixar a janela aberta.

E jogou um coco na cabeça do discípulo.

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Mestre e a lei da Atração

       Um avestruz perdeu-se no bosque. De repente, viu-se diante de um enorme leão faminto.

Cheio de medo procurou enfiar a cabeça no chão, mas ele era de terra dura e seca.

Apavorado procurou outro lugar e viu algo que lhe pareceu um buraco no tronco de uma árvore.

Rápido, enfiou a cabeça lá.

 – Era a goela do leão.

        Ambos morreram sufocados.

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O Lago

Numa noite de lua cheia, o discípulo estava olhando extasiado para o reflexo da Lua e das estrelas no lago.

A brisa fresca da noite arrepiava levemente a água, desenhando mil e uma formas luminosas no espelho do lago.

O mestre estava de olhos fechados.

No dia seguinte o discípulo perguntou:

- Mestre, os reflexos estavam tão lindos, porque você não abriu os olhos, nem por um instante?

- Estava vendo o reflexo do lago no céu, respondeu o mestre.

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Voar

  

O discípulo estava tentando ensinar a borboleta a voar.

O Mestre acercou-se, ficou olhando as tentativas fracassadas. Finalmente, o Mestre deu uma gostosa gargalhada e disse:

- Você é um tolo. Este tipo de borboleta só voará se você cortar-lhe totalmente as asas...

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SOBRE O CONHECIMENTO

Um dia o Discípulo encontrou o Mestre amarrando uma minhoca viva na ponta de uma linha de pesca, à beira do lago.

- Neste lago não há peixes e só vive um crocodilo que é vegetariano, ironizou o Discípulo.

- Mas esta minhoca não é, respondeu o Mestre mergulhando no lago com a minhoca na mão.

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SOBRE A ILUMINAÇÃO

        O sapo ficou muito impressionado com a reencarnação.

Ouvindo sucessivos sermões do Mestre concluiu que, um dia, ele nasceria como crocodilo, mais tarde uma vaca. 

 No penúltimo estágio reencarnaria como ser humano e, daí, seria um Buda.

- Com muito esforço, dizia o Mestre aos alunos, abnegação e temor a Deus, vocês se iluminarão, alcançarão a Suprema Verdade.

O sapo decidiu iluminar-se ainda como sapo. Passou uma noite inteira no bosque caçando vagalume. Comeu mais de uma centena deles.

O bosque ficou mais escuro e o sapo passou vários dias com diarreia...

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Mestre fala sobre o caminho

   

Uma raposa faminta estava dormitando a beira da estrada, tentando esquecer a tremenda fome que sentia.

Um búfalo passou e acordou-a. Olhando para cima sonolenta, viu apenas os enormes testículos do animal, confundindo-os com duas frutas maduras. Como que hipnotizada foi acompanhando o seu imaginário futuro manjar, de boca aberta, esperando a queda.

O búfalo entrou num pantanal e a raposa quase morreu atolada.

Em terra firme, sacudindo o lodo de seu corpo, filosofou:

- Nem tudo que balança cai...

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AS MÁSCARAS

Quando Chen foi aceito como único discípulo do Mestre, resolveu impressioná-lo: fez um voto de silêncio.

Trazia consigo um bloco de papel e um lápis.

Ali escrevia o que desejava comunicar.

Um dia o Mestre escondeu o bloco e o lápis, e Chen não conseguia se expressar.

À noite na hora do jantar, desesperado o Chen gritou:

- Onde estão o bloco e o lápis?

O Mestre riu tanto que se engasgou.

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Mestre fala sobre a consciência

Certa noite fria o discípulo visitou o Mestre.

Ao entrar na sala, orgulhoso e desafiadoramente, mostrou um límpido espelho de cristal, emoldurado em madeira de sândalo com bonitos desenhos esotéricos.

O Mestre sem maiores explicações estilhaçou o espelho.

Antes que o discípulo se refizesse do susto, o Mestre tomou a moldura vazia e jogou-a no fogo.

Do espelho apenas ficou a fragrância do sândalo.

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Mestre fala sobre o amor

  

O discípulo estava sentado à margem de um lago quando um sapo, horrivelmente feio, pulou no seu colo e foi logo dizendo: “Beije-me que me transformarei numa linda princesa”.

O discípulo olhou demoradamente para o sapo, sua pele viscosa, cheia de manchas amarelas, a enorme boca, os olhos esbugalhados... Seu estômago doeu. Vacilantemente, mas cheio de esperanças, beijou-o. O sapo continuou sapo. O discípulo foi correndo falar com o Mestre.

- Mestre, por que não houve a transformação?

- Porque você beijou com asco.

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AMOR E CONSCIÊNCIA

O Discípulo pergunta ao Mestre:

- Mestre qual é o caminho, o da Consciência ou o do Amor?

O Mestre responde:

“Se a consciência carece de amor, então ainda está impura. Se o amor é sem consciência, então ainda não é amor.”

No caminho do Grande Círculo de olhos fechados encontrei o Rio de Águas Balsâmicas.

Curam-se todas as chagas.

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RECLAMAÇÃO

Conta-se que havia certo mosteiro Zen que tinham regras muito rígidas. Os monges seguiam um estrito voto de silêncio e havia uma pequena exceção a esta regra. A cada dez anos os monges tinham permissão de falar apenas duas palavras.

Após seus primeiros dez anos no mosteiro, um jovem monge foi falar como o monge superior.

“Passaram-se dez anos. Quais são as duas palavras que você gostaria de dizer?” perguntou o monge superior.

“Cama dura”, disse o jovem.

“Entendo”, respondeu o monge superior.

Dez anos depois, o monge retornou à sala do monge superior.

“Passaram-se mais dez anos. Quais são as duas palavras que você gostaria de dizer?”

“Comida ruim”, disse o monge.

“Entendo”, respondeu o superior.

Mais dez anos se passou e o monge mais uma vez encontrou-se com o seu superior.

“Depois de três décadas, quais são as duas palavras que você gostaria de dizer?”, perguntou o superior.

“Eu desisto”, disse o monge.

“Bem, eu entendo o motivo. Você não fez outra coisa, nos últimos trinta anos, a não ser reclamar”, disse o monge superior.

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Dois vasos

Um monge levou a seu Mestre dois vasos de plantas.

“Deixe-o cair”, ordenou o Mestre.

O monge soltou um vaso.

“Deixe-o cair”, ordenou novamente o Mestre.

O monge soltou o outro vaso.

“Deixe-o cair!”, gritou o Mestre.

“Mas não há mais nada para deixar cair”, gaguejou o monge.

“Então, leve-os daqui.”

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Desejo

Um amante suplicou durante vários meses os favores de sua amada, sem sucesso. Veio assim a sofrer as dores atrozes da rejeição. Finalmente, no entanto, sua amada cedeu: “Venha a mim em tal e tal lugar, em tal e tal hora”, disse ela.

Na hora e lugar especificados, o amante enfim se viu sentado ao lado de sua amada. Enfiou então as mãos no bolso e retirou um maço de cartas de amor que escrevera para ela ao longo dos últimos meses.

 Eram cartas passionais, expressando a dor que sentira e o desejo ardente de experimentar as delícias do amor e da união.

Os minutos foram se passando, mas ele continuava lendo as cartas, emocionado.

Por fim, a mulher disse:

- Essas cartas são todas sobre seu desejo por mim?

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