O cocheiro
Num dia muito frio, o Mestre
foi com seu cocheiro a um aniversário. Depois de permanecer um pouco na sala,
sentiu pena do cocheiro que aguardava do lado de fora. E foi até ele, dizendo:
- Vamos, homem. Vamos para dentro se aquecer.
- Não posso deixar meus cavalos sozinhos – respondeu o
cocheiro, batendo os braços e as pernas para se aquecer.
Eu cuidarei
deles até que se aqueça e volte a tomar seu lugar – disse o Mestre.
A princípio, o cocheiro recusou-se sequer a considerar
tal hipótese. Mas, depois de um tempo, deixou-se persuadir pelo Mestre. E
entrou na casa, onde comida e bebida eram oferecidas com fatura a todos,
qualquer que fosse a sua posição social e independente de ser ou não conhecido
do anfitrião. Depois do décimo copo, o cocheiro já esquecera completamente quem
estava tomando seu lugar junto aos cavalos, e permaneceu na festa hora após
hora.
Enquanto isso, os convidados começaram a dar pela
falta do cocheiro, mas diziam a si mesmos que ele devia ter algo importante a
fazer e que retornaria quando estivesse terminado. Muito tempo depois, no fim
da festa, quando os primeiros convivas iam partindo e a noite já descia,
encontraram o Mestre, em pé ao lado do cavalo, sacudindo os braços e batendo os
pés para se aquecer.
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