quinta-feira, 26 de maio de 2011

O ranho e as batatas-doces

   Um Mestre havia-se recolhido a uma gruta de onde nunca saía. Nunca se misturava coma as pessoas.
   O imperador, muito curioso da vida desse ermitão, quis conhecê-lo e mandou um mensageiro procurá-lo. Quando este chegou à gruta, o mestre estava cozinhando batatas-doces sobre um lume alimentado por esterco de vaca.
    Atento à preparação da comida, não reparara em que o seu nariz estava escorrendo. Mas o mensageiro, que julgava ser uma falta de respeito, gritou-lhe:
   -Eh! Grande monge! Assoai o nariz!
   -Vedes perfeitamente que estou cozinhando batata-doces!-respondeu-lhe o Mestre.-Não vos ocupeis,portanto, do ranho do meu nariz!O cozimento das batatas é mais importante do que a vossa presença! Deixai meu nariz em paz; o ranho acabará parando, mas as batatas precisam ser cozidas no ponto!
   O mensageiro ficou de boca aberta. Não pode replicar coisa alguma e saiu. De regresso ao palácio, contou toda a história ao imperador, que manifestou, então, viva admiração pelo eremita.
Disse, então, o imperador:
  - Já não precisa mandá-lo vir. Compreendo que ele não é o ser covarde que foge do mundo por medo das sujidades, nem o ser negativo que renega todas as coisas e se enterra na solidão.Não!É um grande homem profundamente atento ao seguimento do Caminho: praticar zazen e cozinhar batatas-doces.
   A partir desse momento, o imperador fez dele seu protegido e ordenou que lhe oferecessem um vasto campo nas proximidades do eremitério, onde pudesse cultivar grande quantidade de batatas-doces.

 
 
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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Vem!

Mestre estava sentado em zazen á beira do rio. Avizinhando-se da margem, um discípulo gritou-lhe:
- Bom dia, mestre! Como estais?
Mestre interrompeu o zazen e, com o leque, fez sinal ao discípulo:
-Vem... vem...!
Levantou-se, deu meia-volta e pôs-se a ladear o rio, seguindo o curso da água...
O discípulo, nesse instante, teve o satori.

 
 
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quinta-feira, 12 de maio de 2011

O que o amor?



O discípulo perguntou: O que é amor?
O mestre disse: “Eu te pergunto o que é o amor?”.
E o discípulo ficou em silêncio.
O mestre disse: O amor é isto
E o discípulo segue guardando silêncio
O mestre disse: “Tu me perguntas: E eu te pergunto. O amor é isto”.


Poema

Canções de amor tocam sempre no rádio,
mas , quando reconhece a lua e o uivo do lobo?


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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Rápido como...


Um bom homem, nobre e corajoso, foi visitar, um dia, quatro grandes mestres da arte de arco e flecha.
Assim falou o homem:
-Sois quatro, caminhe cada um de vós numa das quatro direções. Em seguida, virando-se para mim, dispare cada qual a sua fecha. Deterei as quatro antes que me atinjam.
-Não podemos acreditar!-Bradaram os mestres.
-Como ele deve ser rápido! – Tornaram os alunos. – Já é difícil deter uma flecha disparada por um mestre, quanto mais quatro ao mesmo tempo! Isso já denota poder mágico.
Replicou, então,o Sakyamuni:
-Há coisa ainda mais rápida que esse homem bom e corajoso: o curso do sol, o da lua e o do raio. E há coisa ainda mais rápida que o sol e a lua e o raio...

 
 
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